listas descompromissadas #3 – portishead/portishead

eis-me em mais uma postagem sobre alguns discos de triphop que eu gosto. na postagem anterior eu falei do debut da banda (“dummy”). hoje, escrevo sobre o 2o disco do grupo, que aliás tem um nome originalíssimo. #sqn…

também tive contato com ele na mesma ocasião em que ouvi o “dummy”. lembro que consumi-o com a mesma voracidade que o 1o disco. na época em que o escutei, já era notório que eles tinham astrais bem distintos um do outro. confesso que não sei como seria minha reação se eu o tivesse ouvido algum tempo depois de ter tido contato com o álbum de estreia. também não sei se reagiria da mesma forma, caso tivesse escutado os 3 discos da banda de uma só vez. bem…. no geral são faixas imbuídas de um astral bem mais carregado, mais sombrio. não é (MUITO) perturbador, mas também não flerta com a serenidade. acho que você consegue entender.

e a pancadaria começa com “cowboys”. de cara o ouvinte já percebe que aquele clima intimista, meio “xô me aninhar aqui pra escutar essa música consigo”, foi pra vala. um vocal sofrido e uma guitarra árida não deixam você se acomodar no sofá.

“all mine”. talvez essa seja a que mais se assemelha à vibe do 1o disco. essa pegada meio funkeada com o ataque do naipe de metais ficou show, né? diz aí. a minha versão teria linhas de baixo em “legato” em vez de staccato/pizzicato. collab anyone? 😀 a seguir a gente tem aquele bálsamo de felicidade: “undenied”. se você é altamente sugestionável, passe longe da gaveta da cozinha ao ouvi-la. sério.

eu já acho “half day closing” um ponto meio baixo do disco. fico com a sensação de que ela não conseguiu alcançar a “escuridão” que almejava. naturalmente que ela também não é feliz, mas sei lá… faltou um pulso cortado ou coisa afim. e a seguir a banda nos brinda com “over”. de novo os caras nos lembram que não há acordes maiores no disco. é só chororô e depressão. hahah! cadê meu rivotril? xD

“humming”. deveria se chamar “disturbing”. o arranjo de cordas na introdução somado a algo que lembra um theremin (deve ser um sintetizador com um lfo em ação) já dá a deixa de que não vem coisa feliz. “and it’s been so wrong… right now”. eu começo a ficar repetitivo aqui, mas nem posso dizer que a culpa é minha: a linha do disco é toda assim: pra baixo, deprê, cinzenta. que fazer? :/ “mourning air”: outro soco na barriga. outro festival de felicidade. mais idas à cozinha pra pegar uma faca de plástico e cortar os pulsos. +_+ mas ó só: essa linha de baixo é loka hein! (e eu até então não tinha dado bola para esse detalhe, mas a caixa tem muito reverb! o_O)

“how can i forget you / disregard how i feel…” talvez em “seven months” a pessoa consiga realizar a proposta dos versos iniciais da música. e aqui a gente começa a notar uma coisa curiosa: da faixa anterior em diante rola um cansaço, de tanto baixo astral. você percebe claramente porque a estatística de execução das músicas começa a cair praticamente pela metade. and it’s “only you” who can turn my wooden hart. me espanta um tanto essa faixa ser – para mim – a mais bacana do disco e ela ser a 2a mais executada. a folga que a banda dá no climão é mais do que necessária, só que ela só dura 5 minutos, pois logo depois…

vem “elysium”. que é “feliz”. que tem samples. que tem scratches. aliás, esse disco ficou bem marcado por esse fato: se comparado ao dummy a presença desses dois elementos é notoriamente maior.

e a gente chega à derradeira canção do disco. pra mim, a melhor. algo que parece um 808 usado com comedimento, junto com um piano e um arranjo de cordas, elementos que deixaram a música arrebatadora. “i feel so low / on hookers and gin / this mess we’re in”… e essa zona se chama planeta terra, caso você ainda esteja perdido por aí. hahah

nota: veja o clipe de “only you” – mais uma peça do chris cunningham, o mesmo que dirigiu “come to daddy”, do aphex twin.

listas descompromissadas #2 – portishead/dummy

se você acompanhou a postagem anterior, viu que eu comecei a falar sobre as “listas descompromissadas”. como o tema da lista era triphop, aí vai o 1o disco da lista. vale lembrar que aqui não há preocupação com ordem de relevância ou coisa parecida. são apenas notas a respeito desses álbuns. 😉

"it's a fire..."

eis o disco da ocasião: portishead – dummy. tomei ciência da existência do disco (e da banda) em 98, ou seja, 4 anos depois de seu lançamento. eu diria que foi praticamente amor à primeira vista! “mysterons”, “it’s a fire”, “pedestal”, e o mega hit do disco – “roads” – são petardos animais. claro que não são tapas na orelha, porque não é essa a proposta do estilo, mas seguramente consigo me imaginar em um “bourbon street” aqui em gotham city, fazendo parte de um filme noir, vendo a beth gibbons cantando como se “hanging on in quiet desperation” estivesse, saca?

“roads” fez muito sucesso e para espanto de muitos ela felizmente não ficou cansada. porém, se você me perguntar qual das versões eu escolheria – a da banda, ou a dos caras do “my dying bride” -, eu ficaria com a segunda. o cover não chegou a ser tão matador quanto o cover os gajos do mogwai fizeram para “don’t cry” (eles realmente conseguiram capturar a deprê que a música tem, quando removeram aquela cara meio hard rock/rock ‘n roll), mas vindo de uma banda de doom, tenha certeza de que ficou bem “feliz”.

vale mencionar que a banda lançou um disco contendo remixes de “sour times” e “glory box”. o nome do disco: “glory times”. dentre todas as versões existentes para as duas músicas eu fico com “airbus reconstruction” e “toy box”. a primeira tem uma levada bem diferente do ar pesado e soturno do disco. os riffs de guitarra, bem distorcidos e escancarados, dão à música um ar bem festeiro e animado, bem distinto da versão original. e “toy box”… essa é de tirar o fôlego com uma linha de baixo matadora e um wah-wah que se encaixa não só perfeitamente como nos momentos exatos. os solos de guitarra nos mostram que não é necessário tocar 500 milhões de notas por segundo para que um solo seja campeão. se liga ae, malmsteen!

próxima parada: portishead/portishead.

listas descompromissadas – triphop!

tempos atrás eu tinha um projeto de motovlog. nisso veio uma mudança de cidade, e a moto passou a ficar mais tempo na garagem do que na rua. com isso, o diário motociclístico acabou ficando de lado.

em uma das ocasiões eu saí com uma idéia na cabeça: por que não fazer listas descompromissadas? diferentemente do protagonista de “alta fidelidade”, que sempre organizava as coisas como “as 5 mais”, me permiti elaborar algo mais relaxado, sem incorrer na problemática de ser injusto com essa ou aquela banda.

a lista descompromissada da ocasião fala de #triphop. movimento surgido na ilha da rainha múmia, cujos nomes mais conhecidos – e que caracterizam o movimento – são: tricky, portishead e massive attack.

pra vocês verem… nesse vídeo eu acabei deixando o tricky de lado, falando bem mais dos outros dois grupos. 😬 evidente que isso não quer dizer que tricky seja ruim (“hell is around the corner” é duca!), mas simplesmente não me ocorreu. xD

ao longo dos próximos dias eu posto algumas observações pessoais sobre os discos que citei no vídeo. o link para íntegra dele está na bio. 😉 e como o de costume, se você curtiu, então deixa aquele xoinha, bem como um comentário. =) Viel Spaß!